Post publicado no Facebook a 2 de Abril de 2014
O passeio lateral da Alameda da Universidade, frente à Faculdade de Direito de Lisboa, exibe um enorme rasto de bostas de cavalo, sobre a calçada portuguesa, ao longo de uns vinte metros de comprimento. O rasto é bem visível, o passeio largo e a maioria dos transeuntes afasta-se prudentemente. As bostas vão ornamentar o passeio durante dias, dependendo da quantidade de chuva que cair e do número de incautos que ajudar a espalhar o excremento pelo empedrado. Mas, quando estas bostas desaparecerem, outro rasto virá substitui-las, mais à direita ou mais à esquerda. E às vezes o zelo cavalar é tanto que a segunda pista surge ao lado da primeira, quando o tempo e a intempérie ainda não conseguiram apagar a mais antiga.
O paradoxo é que quem anda a excrementar os passeios com tal generosidade são as forças da ordem da GNR, que garbosamente patrulham a cavalo o campus universitário, para dissuadir atropelos à lei. Nunca presenciei nenhuma tentativa por parte dos agentes para multar o proprietário de um cão que, por acaso, tivesse defecado na via pública, mas a contribuição do cão não poderia deixar de parecer insignificante perante a abundância proporcionada pelas montadas da GNR e a presumível argumentação do dono do cão seria certamente convincente. É provável que, nestes casos, os militares façam vista grossa e finjam observar o horizonte em busca de meliantes mas, mesmo noutras circunstâncias onde o paralelo não seja tão evidente, receio que a autoridade moral para uma admoestação ou para a aplicação de uma multa (sim, é preciso autoridade moral para isso) possa ser posta em causa.
A patrulha a cavalo tem o seu encanto. O problema é que a calçada portuguesa não tem a mesma eficácia a degradar bosta de cavalo que uma campina ribatejana, onde a digestão de uma manada pode passar completamente despercebida. Na calçada branca, não passa.
Há um mistério no facto de os cavalos escolherem o passeio em frente da Faculdade de Direito para se aliviarem, mas pode ser que não se trate de uma preferência. Talvez defequem por todo o lado, constantemente, sem olhar a quando nem a onde, e aqui o facto ressalte mais.
Há uma sugestão que se pode fazer: não sendo justo condenar os cavalos à obstipação química, nem acantoná-los em permanência nas cavalariças, parece razoável mudar-lhes a ronda para paragens mais campestres, onde servem mais e melhor e, nos passeios da Cidade Universitária e nos jardins do Campo Grande, passar a usar bicicletas, cujo controlo de esfíncteres é mais sofisticado.
A patrulha a cavalo tem o seu encanto. O problema é que a calçada portuguesa não tem a mesma eficácia a degradar bosta de cavalo que uma campina ribatejana, onde a digestão de uma manada pode passar completamente despercebida. Na calçada branca, não passa.
Há um mistério no facto de os cavalos escolherem o passeio em frente da Faculdade de Direito para se aliviarem, mas pode ser que não se trate de uma preferência. Talvez defequem por todo o lado, constantemente, sem olhar a quando nem a onde, e aqui o facto ressalte mais.
Há uma sugestão que se pode fazer: não sendo justo condenar os cavalos à obstipação química, nem acantoná-los em permanência nas cavalariças, parece razoável mudar-lhes a ronda para paragens mais campestres, onde servem mais e melhor e, nos passeios da Cidade Universitária e nos jardins do Campo Grande, passar a usar bicicletas, cujo controlo de esfíncteres é mais sofisticado.
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